sábado, 10 de julho de 2010

Novos paradigmas: a educação e o professor no século XXI

Novos paradigmas: a educação e o professor no século XXI


A educação

A educação é instrumento fundamental para rompermos a perpetuação da injustiça social. O Brasil só poderá superar a inaceitável situação de desigualdade na distribuição de renda se romper com a desigualdade de acesso às oportunidades. Nesse sentido, o acesso à educação de qualidade é condicionante para o acesso às oportunidades. Além do impacto positivo sobre a distribuição de renda, sabemos que a melhoria da educação eleva a produtividade da economia, ampliando conseqüentemente a competitividade externa de um país, fator fundamental no atual contexto de globalização. Países reconhecidos pela sua competitividade investem pesadamente na educação, para que no futuro seu diferencial competitivo não esteja apoiado em mão-de-obra barata. Promover o desenvolvimento sustentável para o Brasil pressupõe voltar esforços para a melhoria da nossa educação.

Atualmente, muitas são as discussões em torno dos caminhos pelos quais a educação deve passar. A escola, cuja linha pedagógica seja basicamente os conteúdos, está com os seus dias contados. Pois emerge das classes menos favorecidas a ânsia por uma formação sócio – política que será a mola propulsora para a construção de uma educação revolucionária e transformadora. Para isso necessário se faz, lutar contra a discriminação e a má qualidade do ensino das camadas populares, levando os alunos a se perceberem como agentes transformadores.

Passando um olhar pela história, percebe-se que a educação sempre esteve voltada para os interesses das classes dominantes. Em dado momento a escola estava preocupada com a formação da personalidade do indivíduo e o desenvolvimento de suas habilidades, inculcando valores éticos que julgavam necessários para a convivência social, já em outros buscava moldar os indivíduos através dos condicionantes impostos pela sociedade , sejam eles políticos, econômicos e intelectuais. Tornando-se assim um fator preponderante para o aumento da marginalidade. Surge, então, a educação transformadora que buscava transformar a sociedade através da formação de pessoas políticas – revolucionárias. Essa nova linha de pensamento logo é percebida no discurso de Paulo Freire, que propunha uma educação conscientizadora, cujo princípio básico pode ser resumido na célebre frase: “A leitura do mundo precede a leitura da palavra.” Esse teórico sugere compreender a educação dentro de seus condicionantes e agir estrategicamente para uma transformação, desvendando as próprias contradições da sociedade.

“Outro saber de que não posso duvidar um momento sequer na minha pratica educativo-crítica é o de que, como experiência especificamente humana, a educação é uma forma de intervenção no mundo. Intervenção que além dos conteúdos bem ou mal ensinados e ou aprendidos implica tanto o esforço de reprodução da ideologia dominante quanto o seu desmascaramento.” (FREIRE, 1996: 98)

Difícil descrever com exatidão de significados os conceitos de educação, sem que eles nos levem os diversos significantes. Carlos de Souza Brandão em seu livro O que é educação? Afirma que educação trata-se do ato de educar, orientar, acompanhar, nortear, mas também o de trazer de "dentro para fora" as potencialidades do indivíduo. Compreende que, por muito tempo, o saber escolar manteve privilégios de uma minoria – a burguesia e o clero, durante a Idade Média; a burguesia, a partir da Idade Moderna. Entretanto, foi somente com o advento da Revolução Francesa que cresceram as pressões populares exigindo escola pública e gratuita para todos. Afirmando, ainda, que a educação e a cultura não podem constituir-se num privilégio de classe, mas sim de um direito fundamental de todos. Daí entender que, no Brasil, a reformulação dessa política global alternativa não significa priorizar este ou aquele nível de ensino, como se o sistema educacional fosse um aglomerado de estruturas desarticuladas: significa simplesmente dar prioridade à educação e à cultura. Carlos Rodrigues Brandão posiciona-se dizendo que o pensamento de Paulo Freire não é um pensamento sistemático, unitário. Como todo pensamento que fala da vida, da realidade, é um pensamento complexo, contraditório, “em movimento”, em formação. E que, reinventar a educação brasileira parece ser o grande desafio do educador brasileiro hoje, e esse reinventar pressupõe a formação de políticas educacionais embasadas num plano nacional de educação.

Historicamente, a movimentação para o surgimento do Plano nacional de educação 2001-2010(PNE), ocorreu em 1932, quando um grupo de educadores da elite intelectual brasileira, lançou o “Manifesto dos Pioneiros da Educação”, que propunham a reconstrução educacional, através de um plano com sentido unitário e de bases cientificas. A percepção da educação como problema nacional, se deu, a medida que o quadro social, político e econômico se formava, e a educação se mostrava como condição fundamental para o desenvolvimento do País. Com sua elaboração, caberia a União, fixar o plano de educação em todos os graus e ramos, comuns e especializados, coordenar e fiscalizar a sua execução. O Conselho Nacional de Educação ficaria responsável por elaborar o plano para ser aprovado pelo Poder legislativo, sugerindo ao Governo soluções para os problemas educacionais bem como a distribuição adequada de fundos especiais. Os Estados ficariam incumbidos de elaborar e executar políticas e planos educacionais em sintonia com as diretrizes e plano nacionais, integrando e coordenando as suas ações e as dos Municípios.

A partir daí, o PNE passou a possuir qualificações que o distingue de todos os outros, elaborados para a educação brasileira. Primeiramente, trata-se de um plano que tem força de lei, o que amplia seu grau de legitimidade social. Por ter vigência por uma década, mostra-se com seu horizonte de tempo equilibrado para fixar metas e garantir resultados satisfatórios que façam com que a educação produza a grande mudança, no desenvolvimento e na inclusão social, na produção intelectual e na cidadania do povo brasileiro. È um documento com visão diagnostica da educação, permitindo uma análise compreensiva da problemática educacional.

A Educação é uma responsabilidade social atribuída ao Estado e a família, com a colaboração da sociedade. A população vem a participar, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis do ensino. A instituição de um fundo para a educação básica, deve ser apoiada pela União. Estados e Municípios e toda sociedade, por ter em vista, organizar a administração da educação básica, criar mecanismos de financiamento e distribuição da responsabilidade entre as administrações, além de assegurar aos brasileiros “escola para todos”. A comunidade deve conscientizar-se de que o conceito primordial de escola deve ser: a busca do conhecimento para exercer papéis de verdadeiros cidadãos e para isso, os alunos devem sentir-se acolhidos, ter bons professores, ter bons livros e compreendê-los, apreender aquilo que os capacita realizar-se a buscar sentido para sua vida e transformá-la.

 FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. SP. Paz e Terra, 2002.

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