domingo, 11 de julho de 2010

A avaliação no ensino da Matemática

   É importante afirmar que o conhecimento matemático é um direito humano. Mas como educadores matemáticos, temos desafios a enfrentar e problemas a solucionar. Por isso, antes de mais nada, é preciso nos reconhecer como agentes transformadores, buscando um trabalho em equipe, inserindo as tecnologias de informação e comunicação nas aulas de matemática, repensar os processos de avaliação da aprendizagem, é preciso ter claro os objetivos a serem alcançados, estabelecendo melhor as estratégias e procedimentos, buscando a compreensão, o questionamento, a resolução de problemas, a pesquisa, de modo que os conteúdos tenham sentido e significado, de maneira intencional e planejada.

   É muito complicado falar em Avaliação e elencar os seus instrumentos, pois tudo depende de tudo. É algo mais do que buscar um resultado, é preciso ter certeza que chegou ao resultado, ou que caminhos é preciso trilhar para alcançá-los. É um processo de observação e verificação de como os alunos aprendem os conhecimentos matemáticos, por isso, qualquer que seja, é preciso estabelecer critérios. Para defini-las, é preciso buscar apoio teórico e assim o farei.

   O teste em duas fases, é um instrumento que foi introduzido em Portugal no âmbito do projeto Mat789, coordenado por Paulo Abrantes (Abrantes et al., 1997). (...) A existência de uma segunda fase (...) permite que o aluno volte a refletir sobre algumas das questões colocadas, contribuindo deste modo para que a avaliação seja ela própria um meio de aprendizagem (Leal, 1992, Menino, 2004). Sendo assim, o desenvolvimento deste instrumento é formativa, porém retroativa, aplicado o teste, depois de uma sequência didática, cria-se um novo momento de aprendizagem onde a autonomia e a autoavaliação são incentivadas. Para além disso, os comentários que o professor faz na primeira produção do aluno de modo a contribuir para o trabalho a realizar na segunda fase, dada a sua natureza personalizada, promove uma maior aproximação entre aluno e professor (Martins et al., 2003). A vantagem é exatamente o fato do aluno refletir sobre os erros que cometeu e autocorrigir-se.

   Relatórios e ensaios: São produções escritas realizadas pelos alunos, acerca de problemas ou projetos trabalhados. Essas produções auxiliam na autonomia, na reflexão, no raciocínio, enfim, habilidades e estratégias presentes nos PCNs. O relatório escrito é um tipo de avaliação que contraria os princípios tradicionais no ensino de Matemática, pode ser individual ou em grupo, em sala ou não, pois ambas são importantes, por um lado, fora da sala de aula, possibilita ao aluno um tempo maior, por outro lado, em sala, pode ter um acompanhamento do professor. De qualquer forma, estimula a escrita, a leitura, a produção, o espírito crítico, a responsabilidade pessoal e em grupo, a auto avaliação, trata-se portanto, de um trabalho interdisciplinar.

   Portfólios: É preciso ter cuidado e planejar bem esse modelo de avaliação, pois requer tempo e apoio do professor. O desenvolvimento de um portfólio é um processo continuado no tempo. Normalmente acontece ao longo de todo um ano letivo, requerendo, naturalmente, diversos momentos de aula para a realização de pontos de situação e de apoio por parte do professor. Segundo Santos (2005): “A construção do portfólio constituiu um contexto rico para os alunos desenvolverem capacidades tais como a resolução de problemas, o raciocínio, a argumentação e a expressão escrita, a organização, a pesquisa, a autonomia e responsabilidade no processo de aprendizagem”. Deste modo, constitui um meio favorável para desenvolver uma postura de professor reflexivo e pode influenciar as ideias dos alunos sobre o que significa saber e fazer matemática.

   Como já havia dito, falar em avaliação é difícil, como pedagoga acredito, e volto a repetir que, qualquer desses instrumentos é preciso ter critérios e ser uma ação bem planejada, sabemos que uma coisa é fazer a planta de uma casa, outra é concretizar no terreno e tornar as recomendações uma realidade sustentada e permanente.

Referências Bibliográficas:

BRASIL. MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática para o Ensino Fundamental. Brasília, DF, 1998. Volume 3.

DALBEN, A. I. L. F. Das avaliações exigidas às avaliações necessárias. In VILLAS BOAS, B. M. F. (Org.) Avaliação: políticas e práticas. São Paulo: Papirus, 2003.

GARCIA, R. L. A avaliação e suas implicações no fracasso/ sucesso. In ESTEBAN, M. T. (org.). Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. 4ª ed. Rio de Janeiro: DP & A, 2003.




LUCKESI, C. C. Avaliação da Aprendizagem Escolar. São Paulo: Cortez, pg. 168-180, 1995.





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